Em 1965, James Baldwin disse o seguinte sobre o país onde nasceu, os Estados Unidos da América: “Uma das coisas que mais aflige este país é que as pessoas brancas não sabem quem são e de onde vêm. É por isso que pensam que eu sou um problema. Eu não sou um problema. A vossa história é. E enquanto vocês fingirem que não conhecem a vossa história serão prisioneiros dela.”
Em 2022, o radicalismo de Mamadou Ba bate de frente com a narrativa oficial sobre a identidade portuguesa. Uma narrativa fundada no mito português do bom colonizador. A ação política de Mamadou Ba obriga-nos — pessoas portuguesas, brancas — a repensar o nosso lugar e o nosso privilégio. É duro, sim, porque quem tem privilégio não decide voluntariamente abdicar dele. Mas é necessário.
Mamadou Ba não é um problema. A nossa história é.
Ricardo Esteves Ribeiro
jornalista