Manuel Pereira dos Santos

Uma justiça conivente com crimes de ódio e racismo nunca pode destruir

a voz da solidariedade e fraternidade humana! Sempre contigo, Mamadou!

E, como sou físico, relembro o poema de um outro físico mais célebre… 

LÁGRIMA DE PRETA,

Encontrei uma preta

que estava a chorar,

pedi-lhe uma lágrima 

para a analizar.

Recolhi a lágrima

com todo o cuidado

num tubo de ensaio

bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,

do outro e de frente:

tinha um ar de gota

muito transparente.

Mandei vir os ácidos, 

as bases e o sais,

as drogas usadas

em casos que tais.

Ensaiei a frio,

experimentei ao lume,

de todas as vezes

deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,

nem vestígios de ódio, 

Água (quase tudo)

e cloreto de sódio.

(António Gedeão)

Manuel Pereira dos Santos
professor catedrático aposentado