Mamadou Ba tem sido uma voz inteligente, incansável e pedagógica na denúncia da violência sobre corpos racializados e na partilha de vozes e narrativas silenciadas pelas estruturas coloniais e raciais. Uma das estratégias coloniais usadas para silenciar discursos desconfortáveis é colar rótulos a quem os profere. Para evitar discutir uma denúncia, acusa-se o sujeito que denuncia. O racismo estrutural é um legado histórico, que atravessa o Estado, cúmplice frequente nesses processos. Mamadou conhece a realidade de quem nunca coube nas garantias universais das constituições modernas e eurocêntricas. Fala do que sabe, sem o privilégio de poder ser moderado. Mamadou não difama, discute sem medo. Agradeço-lhe a lucidez e a coragem. Se Mamadou perder, a sociedade perde.
Sara Araújo
socióloga do direito, professora e investigadora na UC