Mamadou Ba, uma referência para a minha maneira de ser e estar no mundo.
Trabalhei 40 anos em serviços educativos de museus nacionais em Lisboa. Logo em meados da década de 80 do século XX comecei a deparar-me, cada vez com mais frequência, cada vez com mais violência, com o racismo existente por parte de educadores e professores em relação aos seus alunos negros e ciganos. Era urgente implementar junto de crianças e jovens uma estratégia para o combater, era urgente falar para e com todos, tornando o espaço museu acolhedor e que a sua vinda se tornasse gratificante para uns e outros.
Foi neste contexto que pedi auxílio a Mamadou Ba. De imediato veio ter comigo. A primeira vez, a segunda, e por aí em diante, inúmeras vezes, sempre disponível, sempre generoso, sempre me apontando o caminho, me aconselhando, me apresentando a pessoas que me pudessem também ajudar. Mamadou é um ser humano como todos deveríamos ser, antirracistas, anti xenófobos, anti todo o tipo de preconceito, e ativistas porque aos que negam a existência de um racismo estrutural em Portugal, há que chamar os bois pelos nomes, há que dar a cara e o corpo e a alma. A situação em que se encontra atualmente, provocada por um energúmeno e validada por um juiz, que recuso adjetivar, causa-me náuseas.
Rosário Severo
reformada