Seria hilariante, se não pudesse ter injustas consequências, não representasse o desbaratar de recursos públicos e não espelhasse o estado do sistema de justiça em Portugal, ao mesmo tempo que se dá visibilidade e “tempo de antena” a uma das mais repugnantes figuras da extrema direita em Portugal. Levar quem quer que seja a julgamento por, sobre Mário Machado, afirmar que foi “uma das figuras principais do assassinato de Alcindo(Monteiro)”, não tem justificação possível. Não é só o não haver honra a ser defendida. É o facto de se tratar de um indivíduo que, não tendo sido condenado como autor material daquele homicídio era e é uma das figuras principais do ódio racial que esteve na origem daquele e de muitos outros crimes com as mesmas motivações.. O reclamar pela defesa da suposta honra ofendida, perde sentido quando amiúde este exalta episódios como o que nesse dia aconteceu, como com a publicação recente de foto do almoço que juntou neonazis em 1995 e de onde partiram (incluindo M. Machado) para perseguir e espancar cidadãos pelas ruas de Lisboa. Não fosse o suposto ofendido calculista e etnicamente seletivo na escolha dos seus alvos, fazendo jus às convicções que já o levaram à prisão e outra coisa não faria, que apresentar queixa dos muitos que publicamente o responsabilizam pela morte de Alcino Monteiro, senão veja-se como com o artigo do jornal Observador, se ficou pela missiva de desagravo, publicado ao abrigo do direito de resposta.
Abraço solidário
Tiago Ralha
Licenciado em Sociologia