Renísia Cristina Garcia Filice

Conheci Mamadou Ba por textos, em seguida, mergulhado no contexto antirracista português. Altamente qualificado, Mamadou compõe a Rede de ativistas do projeto Tecendo Redes Antirracistas, criado por mim e iniciado em Portugal, 2016. Uma proposta que tensiona a empresa colonial portuguesa, e também enfrenta com formação, competência ética, as múltiplas e excludentes formas de racismo em Portugal, no Brasil e no mundo. 

Não nos surpreende a perseguição a esse ativista da mais alta qualidade, todavia nos indigna a atitude do Ministério Público português, e se mostra incoerente.

O Estado português ao longo dos anos vêm tentando de todas as formas se descolar da acusação de racista. 

É incoerente que um de seus cidadãos mais conhecido, internacionalmente , esteja sendo processado por ser um árduo defensor dos Direitos Humanos. 

Na certeza que haverá uma reviravolta no caso, e o reconhecimento de que se trata de perseguição de caráter racista e político, nos manifestamos em favor da inocência de Mamadou Ba.

Renísia Cristina Garcia Filice
Grupo de Estudos e Pesquisa em Políticas Públicas, História, Educação das Relações Raciais e Gênero, Universidade de Brasília (UnB/Brasil)

Sofia Lobo

Estou totalmente solidária com Mamadou Ba.
Admiro o trabalho, o empenhamento, a correção, a paciência de Mamadou. Quando fala publicamente, é vítima de distorção das suas palavras, tentam apanhá-lo na curva mais próxima, com um descaramento e uma desonestidade gritantes, enquanto nos tentam dizer que Portugal não é um país racista.

Portugal É um país racista, que continua a mandar para a sua terra pessoas nadas e/ou criadas neste território, quantas vezes tratadas como gente de segunda, na escola, no trabalho, nas instituições públicas, desrespeitando uma Constituição que nos confere direitos iguais.
Um país no qual, apesar da referida Constituição, se aceita que um partido fascista tome assento no parlamento, um partido que vemos crescer, admirados, porque não somos racistas, nem fascistas. Dizem os brancos e brancas como eu, que falam do alto do seu lugar de privilégio.

Mamadou Ba é vítima, não é criminoso.
Mário Machado é um racista e fascista com provas dadas na matéria. Um criminoso, recebido quase como herói na televisão, nos jornais, divulgado, um ser desprezível «que tem canal».

Enquanto mulher branca privilegiada, estou completamente solidária com Mamadou.
Porque não basta não ser racista. É absolutamente necessário ser antirracista, se queremos um Portugal melhor, mais justo, para todos e todas. É necessário apontar o dedo. E denunciar.

Mamadou Ba, pode contar comigo.
Estou do seu lado. Do nosso lado.
O da tolerância, dos afetos, do respeito, da valorização da diversidade e da multiculturalidade.
Do lado antirracista.
Pelos valores de Abril.

Sofia Lobo
atriz

Sara Eloy

Todo este assunto é tão incompreensível que me faltam palavras para argumentar o óbvio. 

Estamos perante uma pessoa que é um ativista que luta pelos direitos humanos há décadas e uma pessoa que luta por destruir os outros e tem um longo registo criminal de ofensas diversas, violentas, a pessoas. 

A sério que é o próprio Ministério Público a instruir este processo? Estamos mesmo a gastar dinheiro público a acusar um ativista pelos direitos humanos e defendendo um neonazi com cadastro? 

Agradeço a coragem do Mamadou Ba e de todos aqueles que dedicam a sua vida à defesa dos direitos humanos. Há poucos que o fazem. Fazê-lo sabemos que é difícil e por isso frequentemente assobiamos para o lado. Não falar, não denunciar, não participar na denúncia de casos como este é aceitá-los.

É muito triste viver num país com um sistema de justiça tão miserável. 

O Mamadou Ba tem a solidariedade de todos aqueles que lutam pelos direitos humanos e por uma sociedade mais justa para todos.  

Sara Eloy
professora universitária

Domicília Costa

Quero crer que o sistema judiciário do nosso país, um país com uma constituição democrática que proíbe partidos nazis e fascistas, não pactuará com a injustiça de condenar quem tem sido hostilizado e ameaçado pela única razão de ser negro e lutar pela plenitude dos seus direitos.   

Bem pelo contrário, se alguém deverá ser condenado é o auto-proclamado racista e nazi Mário Machado!

Domicília Costa
pensionista e antiga deputada

Sara Martins

IRRA! IRRA! IRRA!

Indignada

Revoltada

Resistente

Anti-racista

IRRA… estou! IRRA… sou!

A impossibilidade de me calar perante o que está a acontecer é tão grande como a gratidão que tenho ao trabalho de Mamadou Ba!

De carne e osso continuarei/ continuaremos ao seu lado pelo reconhecimento do seu imenso trabalho de denuncia e combate ativo do racismo direto e estrutural em Portugal e no mundo!

Para ter paz precisamos continuar a questionar subjetivamente o nosso posicionamento no mundo, as nossas aprendizagens… as nossas identidades, sempre plurais!…

Precisamos também entender as estratégias manchadas de sangue e odio e disfarçadas de ‘justiça’, para abater quem luta pelo bem comum!…  

O trabalho de Mamadou Ba contribui imensamente para crescermos nesta nossa caminhada em paz… e o Ministerio Publico, com este julgamento, legitima declarações de guerra à luta antiracista!… IRRA, não é possível ficar em silêncio!

Obrigada Mamadou! Estamos contigo, de mãos dadas, lado a lado!

Sara Martins
Socióloga

Tiago Queimada e Silva

É surreal ver alguém como Mamadou Ba sentar-se no banco dos réus por chamar os bois pelos nomes, pois quem diz a verdade não merece castigo.

Juntemo-nos pois a Mamadou Ba em afirmar o óbvio: Mário Machado é um gangster neonazi, um criminoso por vocação, um reles delinquente tão mais perigoso por tentar justificar politicamente os seus crimes.

Esta situação parecerá seguramente revoltante mas, há que o notar, não é fora do comum nos quadros jurídicos da maioria das democracias parlamentares (isto é, burguesas) da atualidade. Fascistas como Mário Machado e demagogos de extrema-direita como André Ventura não são nenhuma “anomalia” no sistema democrático-burguês. São componentes necessárias em determinados contextos históricos para a defesa de um sistema económico baseado em relações de poder racistas desde as suas fases embrionárias, desenvolvimento histórico no qual a expansão portuguesa e o colonialismo português foram fulcrais.

É esta realidade que Mamadou Ba traz regularmente ao debate público, motivando, particularmente devido à sua condição de sujeito racializado politicamente ativo, o ódio visceral da extrema-direita. Incomoda também um centrão que não desdenha, caso seja necessário, a mão amiga da extrema direita para a salvaguarda de relações de poder intrinsecamente racistas, isto não obstante a fachada democrática do regime parlamentar burguês.

Será porventura este “pecado” de Mamadou Ba, o de apontar a relação orgânica entre racismo, capitalismo, e o estado português, o que leva o poder judicial do dito estado a funcionar como auxiliar legal do terrorismo criminoso fascista, neste caso, de Mário Machado.

O Mamadou tem toda a minha solidariedade: criminosos profissionais neonazis como Mário Machado não passarão!

Tiago Queimada e Silva
(doutor em História, investigador, assistente pessoal, professor precário)

Simone Amorim

Quando um ataque à democracia como o que está sendo direcionado à pessoa do Mamadou Ba acontece, todos nós somos atacados. Uma sociedade que permite este tipo de resposta de suas instituições compromete politicamente o seu futuro. O Mamadou é o tipo de pessoa fundamental no nosso tempo, aquele tipo que, a despeito do ethos vigente, ousa engajar-se na causa pública. Essas pessoas são cruciais no momento crítico que atravessamos. Espero que as muitas manifestações de apoio contribuam para o diálogo social em torno dos problemas por ele combatidos há tantos anos. Só podemos fazer eco ao trabalho exemplar do Mamadou em Portugal: e faremos, estamos juntos! 

Simone Amorim
Investigadora e Gestora Cultural
Coletivo Afreketê