É surreal ver alguém como Mamadou Ba sentar-se no banco dos réus por chamar os bois pelos nomes, pois quem diz a verdade não merece castigo.
Juntemo-nos pois a Mamadou Ba em afirmar o óbvio: Mário Machado é um gangster neonazi, um criminoso por vocação, um reles delinquente tão mais perigoso por tentar justificar politicamente os seus crimes.
Esta situação parecerá seguramente revoltante mas, há que o notar, não é fora do comum nos quadros jurídicos da maioria das democracias parlamentares (isto é, burguesas) da atualidade. Fascistas como Mário Machado e demagogos de extrema-direita como André Ventura não são nenhuma “anomalia” no sistema democrático-burguês. São componentes necessárias em determinados contextos históricos para a defesa de um sistema económico baseado em relações de poder racistas desde as suas fases embrionárias, desenvolvimento histórico no qual a expansão portuguesa e o colonialismo português foram fulcrais.
É esta realidade que Mamadou Ba traz regularmente ao debate público, motivando, particularmente devido à sua condição de sujeito racializado politicamente ativo, o ódio visceral da extrema-direita. Incomoda também um centrão que não desdenha, caso seja necessário, a mão amiga da extrema direita para a salvaguarda de relações de poder intrinsecamente racistas, isto não obstante a fachada democrática do regime parlamentar burguês.
Será porventura este “pecado” de Mamadou Ba, o de apontar a relação orgânica entre racismo, capitalismo, e o estado português, o que leva o poder judicial do dito estado a funcionar como auxiliar legal do terrorismo criminoso fascista, neste caso, de Mário Machado.
O Mamadou tem toda a minha solidariedade: criminosos profissionais neonazis como Mário Machado não passarão!
Tiago Queimada e Silva
(doutor em História, investigador, assistente pessoal, professor precário)