David Santos

Depois do caricato e insólito episódio da justiça que liberta de obrigações judiciais um assumido e ostentoso fascista por “razões humanitárias” relacionadas com a guerra na Ucrânia, já só faltava mesmo que as instituições dessem seguimento à queixa-crime do espaventoso arauto da extrema-direita que subjetiva e objetivamente alimenta e sustenta uma ideologia de ódio e vontade de supressão simbólica e material do Outro; transformando assim, por esta singular perversão, a vítima em carrasco e o carrasco em vítima.

Este é um exemplo flagrante que nos alerta para o facto de que o Estado de direito só persegue e realiza a justiça quando se institui como Estado de direito democrático, quando tem por uma de suas prioridades estancar e eliminar ideologias neofascistas que são o absoluto oposto do espírito republicano e da constituição democrática.

Só uma forte e viva corrente de solidariedade com o antifascismo e antirracismo representado, como no infame caso em apreço, na figura de Mamadou Ba, pode parar e destruir a máquina de institucionalização “democrática” da extrema-direita pelo colo do próprio Estado de direito. 

David Santos
escritor e proletário