Como pessoas negras, quando nascemos, o nosso choro conta histórias de vida passadas, esperança, luta e ação. Não temos o privilégio de escolher se lutamos, se nos defendemos. As batalhas batem-nos à porta, não importa o momento ou o lugar. Nunca batem levemente. Nunca. E nós seguimos, desbravando caminho. Pois sabemos que não caminhamos sós e que outres seguem connosco. Fazemos questão de não estar mal acompanhades. A cada passo que damos, somos sobreviventes e líderes. Deixamos marcas e marcos. Fazem-nos caminhar às escuras, esquecendo que a escuridão a outres pertence: “o inferno não são os outros”, ele está dentro de vós. Acordai!
Mamadou Ba é uma bússola no caminho que temos vindo a trilhar, na luta contra o racismo e outras injustiças sociais. E, estou aqui, como todas as outras pessoas, para carregar as pedras que têm colocado no seu caminho. Para relembrar que, de facto, o sistema não está podre: está desenhado à medida. Compete-nos denunciar por quem, para quem, porquê e até quando. Até lá, somos todes Mamadou Ba, vamos continuar a fazer perguntas e a construir um novo sistema. Porque unidos en la lucha, no nos moverán. Como un árbol firme junto al rio, no nos moverán!
Nina Vigon Manso
artista-investigador@