Carlos Alvarenga

A presença do Mamadou Ba, alguém comprometido com a luta antirracista, na sociedade portuguesa é um claro exemplo do que se é desejável para a garantia da saúde democrática: aceitação da diversidade, inclusão social, justiça e respeito aos direitos humanos. Esta tem sido a sua luta, e a de todas nós.

Entretanto, nos encontramos na situação atual em que o Ministério Público em Portugal tenha decidido levar Mamadou Ba a julgamento por dizer a verdade incontestável de que um neonazista, sobejamente conhecido como tal, é efetivamente um neonazista, envolvido em uma série de crimes de ódio. Sujeito a sobre o qual, a própria justiça portuguesa já se pronunciou.

Não nos enganemos, neste falso teatro do absurdo a intenção da mordaça não é somente a de calar o Mamadou, mas sobretudo a luta que ele representa no contexto dos enfrentamentos de forças democráticas e antidemocráticas, numa sociedade historicamente vertebrada no racismo institucional. Silenciar o Mamadou é querer calar a todas nós. É querer o disparate de impedir que o novo Portugal que vibra nas ruas com a juventude antirracista, com o movimento imigrante e a luta pelos direitos LGBTQIA+ chegue às instâncias da representação política.

Mamadou, querido irmão, nesta jornada estamos todas contigo. Assim aprendemos e assim seguimos.

Carlos Alvarenga
professor