A luta antirracista e anticolonialista tem, inevitavelmente, de se fazer com base em escolhas diárias, principalmente num país como Portugal, erigido sobre os escombros materiais e culturais de inúmeras sociedades racializadas.
Mamadou Ba é, para nós, um farol dessa luta e desse compromisso ético em Portugal e vemos com estupefação e apreensão a acusação aceite pelo Ministério Público, assim como toda a campanha de intimidação e desumanização de que tem sido um dos alvos principais nos últimos anos, a par de Joacine Katar Moreira.
Essa acusação acontece num contexto em que temos um partido neofascista em ascensão política, um diretor nacional da PSP apostado em negar o racismo estrutural da sociedade e das forças de autoridade portuguesas e uma intelligentsia com acesso privilegiado aos meios de comunicação e disseminação da informação (incluindo o diretor do jornal Público) a reforçar continuamente uma equiparação da extrema-direita abertamente racista com as organizações e ativistas antirracistas. E é, por tudo isto, chocante que o Estado opte por fragilizar ainda mais esta pauta e os seus agentes.
Estamos ao lado de Mamadou Ba na sua luta e faremos tudo ao nosso alcance, enquanto artistas e ativistas, para ampliar a sua voz e alimentar a prática e o sonho antirracistas em Portugal.
Fado Bicha