Pedro Homero

A extrema-direita tem uma cartilha bem estudada e empregue por todo o mundo. Usam vários métodos para intimidar, silenciar e provocar adversários políticos pois sabem que no combate de ideias perdem sempre.

Contudo, a extrema-direita não é um monólito. Alberga várias correntes e tendências, desde as mais disfarçadas, no seu ódio e extremismo, às mais visíveis e descaradas. Existem  – por exemplo – correntes que negam a existência do Holocausto e outras que não só não o negam como até o aplaudem.

Mário Machado era membro dos Hammerskins. Digo era, mas deve ainda ser, pois aparentemente só se pode sair dessa organização depois de morrer. Os Hammerskins são provavelmente a pior face do cubo fascista – são criminosos extremamente violentos (só lá entra quem fere gravemente ou mata um ser humano que eles consideram “inferior”), movidos unicamente pelo ódio. E são, claro, neonazis.

Mamadou Ba é tudo aquilo que os neonazis temem – corajoso, arrojado, sem papas na língua, inteligente e acima de tudo firme na sua luta antirracista e antifascista. Mamadou compreende (e sente na pele, como pessoa racializada) a importância de lutar por todos os meios necessários contra aqueles que querem instaurar um sistema político ditatorial, despótico e distópico, e vai continuar a lutar até ao fim da sua vida.

Este processo em tribunal é apenas uma tentativa desesperada de parar a resistência ao ódio. Vai – obviamente – falhar, mas nem devia ter sido instaurado. Espelha o país em que estamos.

Pedro Homero
recrutador de recursos humanos