Nem sempre o absurdo é fonte de matéria para comédia. O caso desta acusação encerra em si a tragédia de um sistema jurídico que é incapaz de se olhar ao espelho e identificar os seus problemas e assimetrias. O Mamadou tem sido um protagonista ativo e vocal no combate e na demonstração de como as discriminações afetam uma parte significativa das populações mais desfavorecidas.
Há quem ache isso uma afronta e um incómodo e queira, por isso, instrumentalizar a justiça para atacar o antirracismo, convocando, para esse propósito, um assumido racista, para os pôr no mesmo plano.
Chamando os bois pelos nomes dizemos que não! Um criminoso racista, defensor de uma ideologia genocida e que nunca demonstrou qualquer remorso pelos crimes em que participou e que cometeu, não pode ter a cobertura do poder judicial para atacar um ativista social antirracista.
Esta cumplicidade é grave e não pode ser tolerada por qualquer democrata. Que esta tragédia se transforme numa farso-comédia que envergonhe quem a alimentou.
Toda a solidariedade com o Mamadou!
João Manso
químico analítico