Adriano Zilhão

Gente bem composta tem tentado criar um antirracismo de salão, que não seja anticapitalista. Mamadou Ba, porém, é um lutador antirracista e anticapitalista. Ele sabe que o racismo é uma invenção ideológica criada há não tanto tempo assim para legitimar o saque das colónias e a superexploração sem limites das suas populações pelas potências europeias, entre elas Portugal. A luta anti-imperialista dos povos das colónias e do movimento operário e da juventude nas metrópoles fez recuar a versão mais crua do racismo. Porém, à medida que apodrece em vida, o capitalismo traz cada vez mais das profundas do seu próprio esgoto a reação em toda a linha, a canalha fascista e racista. Mamadou Ba é perseguido por ter dito, de uma dessas criaturas, a verdade, uma verdade até judicialmente referendada. A perseguição a Mamadou Ba é, na verdade, parte das grandes manobras para salvaguardar a reconstituição de hordas de caceteiros e assassinos que defendam a ordem podre do capital, ameaçada pela sua própria crise e pela resistência dos trabalhadores. A solidariedade com Mamadou Ba é um dever de todos os que militam contra o capitalismo assassino e os assassinos a soldo do capitalismo.

Adriano Zilhão
economista