Quando recebi a notícia que o Mamadou estava a ser acusado pelo Ministério Público por difamação por ter dito o óbvio sobre um sujeito que é, efectivamente, racista, fiquei perplexa. Ainda pensei que se pudesse tratar de um qualquer equívoco. Infelizmente, parece que não.
Então, como nesta questão não há ficar em cima do muro, é bom afirmar-mos alto e bom som que o Mamadou representou-nos a todos quando disse as palavras que agora o levarão a tribunal. É bom percebermos que todos nós estaremos sentados ali e que a solidariedade com o Mamadou é um imperativo ético se queremos construir um país, realmente, democrático. Se queremos abandonar esta postura sonsa em que, para não tomar posição, se assume um suposto equilíbrio entre margens que não se equivalem. Racismo e anti-racismo não são extremos que se tocam. Não extremos que se excluem. Esta é a altura de percebermos de que lado estamos nesta luta.
Toda a solidariedade com o Mamadou Ba!
Ana Catarino
antropóloga