João Moita

Pergunta cinicamente o juiz Carlos Alexandre se uma pessoa pode «carregar um anátema toda a vida», imputando-se-lhe uma ação que uma decisão de tribunal, necessariamente contingente, refuta. Caso Mamadou Ba venha a ser sentenciado neste processo abjeto, Carlos Alexandre e o Ministério Público terão oportunidade de sentir na pele a queimadura de um anátema tão aviltante e tão duradouro como o de Mário Machado, pois é garantido que uma decisão dessa natureza não será esquecida enquanto houver homens e mulheres que se pugnam pela justiça, ainda que essa justiça tenha de ser feita contra os tribunais.

João Moita
editor