Teresa Fradique

Eu, de carne e osso, imersa num privilégio que não me consigo arrancar porque ele é – também – instrumental aos processos de racialização e segregação estruturais da sociedade portuguesa, grito: continuar a lutar, continuar a lutar. Contra os recorrentes episódios de banalização, normalização, branqueamento e relativização da violência racial e da perseguição política – e agora jurídica?- à militância antirracista. Se, como afirma Cristina Roldão (Público, 10/11/2022), o que move Mário Machado é “uma ação política de ataque ao antirracismo e de marketing à extrema-direita e ao próprio, mobilizando o sistema judicial para obter visibilidade e legitimação”, fá-lo aproveitando para atacar uma das maiores forças desta luta, o ativista Mamadou Ba. Desconhece, M. Machado, – porque é estranha à sua pessoa – a força, de amor, de cuidado, de justiça e de liberdade, que nos move. Uma força que é ativista e socialmente construída por coletivos da sociedade civil, mas que conhece o seu direito de se ver expressa nas instituições de “maturidade democrática” que nos representam enquanto sociedade do presente. Toda a solidariedade para contigo Mamadou Ba. E um obrigada sempre.

Teresa Fradique
antropóloga