Conheci Mamadou Ba em 2017 quando, generosamente e sem me conhecer de lado nenhum, me recebeu a mim e ao teórico da cultura visual Nicholas Mirzoeff na Assembleia da República. Foi ele que nos “deu a ver”, pela primeira vez, o (colonial e colonializante) Salão Nobre, a principal sala de visitas do país. Eu já conhecia e admirava a postura cívica de Mamadou: a forma articulada e tenaz com que, generosamente e há décadas, nos “dá a ver” as materialidades do racismo, as continuidades coloniais, tantas vezes experienciadas em primeira mão. Mamadou é, aliás, das pessoas que melhor pensa (em) Portugal. E por isso mesmo tem pago um elevado preço, que se traduz em injúrias, perseguições e até ameaças de morte; e que agora o leva a sentar-se no banco dos réus da nossa mais absoluta vergonha. Por tudo isto e o tanto mais que Mamadou Ba representa, e que em larga medida já o ultrapassa – Mamadou já não é só Mamadou – , deixo aqui a minha convicta solidariedade. Mamadou não está sozinho! Não o deixaremos cair!
Inês Beleza Barreiros
historiadora de arte