Rita Cássia Silva

Mamadou Ba enquanto ativista é um educador, tendo vindo a potencializar em Portugal, o necessário debate sobre as nossas heranças educacionais com as suas continuidades coloniais que através do racismo estrutural impede-nos a todxs uma vivência democrática com plenitude. Enquanto muitxs de Nós, somos violentados em nossos direitos fundamentais, através de práticas institucionais de racismo e/ou de xenofobia interseccionadas com classe social, género, entre outras categorias, outrxs de Nós, em posições privilegiadas, tendem a preferir não desenvolver o pensamento crítico necessário à luz dos conhecimentos empíricos e científicos no mundo atual em que vivemos. 

Compreendo que uma Educação antirracista: trata-se de uma educação para o afeto, para a consciencialização histórica, para compreendermos sobre como reproduzimos violências seculares contra grupos sociais específicos; contra pessoas que constituem grupos sociais específicos e, principalmente sobre como podemos transformar tais violações de direitos humanos, afim de que possamos viver melhor entre Nós, seres humanos, criando sustentabilidade e equidade. E considero que enquanto pessoas que integram grupos sociais que foram racializados historicamente continuarem a ser violentadas nos seus lugares de fala, não estaremos a erradicar o racismo, entre outras discriminações. Caindo por terra, o Plano Nacional de Combate ao Racismo e à Discriminação, como exemplo. 

Dar nomes aos bois significa existir no seu lugar de fala, existir enquanto pessoa negra na sociedade portuguesa. Estes são tempos inequívocos. Espero que estejamos a aprender alguma coisa com os recentes exemplos catastróficos politicamente nos E.U.A. e no Brasil. Toda a minha solidariedade ao Mamadou Ba. Vidas Negras importam, resistiram, resistem e resistirão. 

Rita Cássia Silva
artista / antropóloga