Se começasse por dizer que os tempos que vivemos são perigosos, soaria a frase batida.
Qualquer pessoa minimamente atenta o sabe. Os tempos estão perigosos faz tempo, porque faz tempo que a comunicação social nos tenta convencer que outros tempos não existiram, ou se existiram não foram os que se acha que foram. Faz tempo que comentadores nos tentam convencer que o fascismo não foi fascista, que o 25 de abril não tem o significado que tem e muito menos a importância que trouxe ao povo. Faz tempo que o racismo, a xenofobia, o machismo estão instalados nas forças de segurança pública, faz tempo que ouvimos ofensas às minorias, aos pobres, aos negros, aos estrangeiros, e aceitamos tudo isso como se fosse normal.
Mas não é. E temos gente que atua na vida, para denunciar as anormalidades da democracia, gente que chama os bois pelos nomes.
Gente como Mamadou Ba, que luta por um mundo melhor, por um mundo onde caibam todos os mundos.
Mas os tempos não estão apenas perigosos por tudo que vimos e sentimos no dia a dia, eles estão muito perigosos porque não basta aceitar a normalização de tudo isso, é preciso dar um aviso que não vão permitir que se ataque os fascistas, que se acuse os criminosos dos crimes que cometem, que se alerte o povo para os perigos que se instalam nas forças de segurança publica e até no ministério público e sistema judicial.
Sim, levar o ativista antirracista Mamadou Ba a julgamento é, muito mais que um simples julgamento, é um aviso que também o sistema judicial tem lado e esse lado é o lado contrário ao da liberdade e da democracia.
Mas fiquem o sistema judicial, o ministério público e o juiz Carlos Alexandre a saber que silenciar o Mamadou não vai silenciar todas as vozes que se juntam a ele!
E a ti, Mamadou, digo que gritaremos contigo!
Luís Esperança
operário metalúrgico