Flávio Martins

Nem chegámos ao fim da história nem da ideologia, nem ao fim do mundo. Não, não nos resta apenas contemplar o fim da civilização e o brutalismo. 

Disso é exemplo o Mamadou e a sua luta que tem que ser a de toda a gente – não basta não sermos racistas, temos que ser anti-racistas, anti-colonialistas e anti-fascistas – até à morte: da ideologia não nos podemos reformar. Não há progresso nem civilização que se possam construir sem este compromisso colectivo.

Temos que denunciar esta justiça que serve a barbárie, que protege nazis e assassinos, e assassinos nazis. Até quando/onde permitiremos esta impunidade que canibaliza direitos e a nossa constituição? Mais uma vez, nada é seguro – tudo é possível: nunca podemos dar nenhum direito como adquirido.

Mário Machado é apenas a face mediatizada de uma rede que tem que ser exposta, denunciada, desmontada, destruída – não pode haver tolerância para com a intolerância e a discriminação. É a constituição que o exige, mas temos que ser nós a fazê-la cumprir – está mais que confirmada a cegueira da justiça e a sua dualidade de critérios, sobretudo quando se transforma assim, em perseguição política. 

Obrigado Mamadou, pela luta, pela revolução permanente – nunca estarás sozinho. Querem fazer de ti um alvo – seremos então um mar de alvos, mas dos que ripostam.

Flávio Martins
técnico de som / músico