Ana Bárbara Pedrosa

Chamar os bois pelos nomes é não fingir que os neonazis são fofos. Mário Machado é um criminoso. Condenado pela lei, é o campeão dos crimes morais. Adepto confesso da violência, ao chegar à vida pública só tem a proposta de um retrocesso civilizacional. A solidariedade para com Mamadou Ba, neste processo, nem precisa de ir além de noções de decência mínima. Que os tribunais percam tempo e dinheiro a mesurar questões semânticas sobre a noite em que Mário Machado saiu de casa, de taco em punho, pronto para espancar gente com mais melanina do que ele e eu, mostra mais a banalização e a aceitação desse crime do que o nível moral que se deve exigir a quem vive em sociedade. O Estado não pode achar que o coitadinho do Mário Machado tem direito a sentir-se difamado porque as suas tacadas cobardes, racistas e grupais, na noite de 10 de Junho de 1995, por mero acaso não mataram ninguém.

Ana Bárbara Pedrosa 
escritora