Solidariedade com Mamadou Ba, ou a coragem de chamar os “bois pelos nomes”
Nestes últimos dias fomos confrontados e confrontadas com o que muitas pessoas têm apelidado e correctamente, de “mundo ao contrário”.
Um “neo”-nazi convicto e sem qualquer “arrependimento”, condenado na justiça nas mais variadas ocasiões por crimes que vão desde posse ilegal de armas, agressão física, dicriminação racial, entre muitos outros crimes, fez uma queixa crime contra Mamadou Ba por este dito a verdade, ou seja, que esse mesmo neo-nazi foi um dos principais envolvidos no bárbaro assassinato de Alcindo Monteiro.
Ora, a ninguém surpreenderá (pelo menos a mim não surpreende) que esse mesmo sujeito tenha interposto tal queixa crime contra o Mamadou nos tribunais, ainda para mais sabendo nós do repetido incitamento ao ódio que o neo-nazi lhe faz por todos os meios ao seu dispor.
O que surpreende e a tanta gente revolta, é ver as instituições da “justiça” em Portugal darem seguimento a esta “queixa”, pelos motivos de “difamação” ou “atentado ao bom nome” do neo-nazi. Isto faz tanto “sentido” como pôr um processo a alguém por chamar ditador a Salazar, ou pôr um processo por chamar genocídio ao terror dos campos de concentração nazis. Seria o cúmulo do “mundo ao contrário”, certo? Ou já agora, seria o cúmulo alguém ser indiciado por chamar neo-nazi ao Mário Machado.
Mas é exactamente isso que se está a passar com o Mamadou Ba. O Mamadou vai ser julgado por dizer a verdade, por chamar o “boi” pelo nome, por não deixar (nos) esquecer e (ainda bem) o que esse “boi” fez.
O objectivo é claro. Querem tentar calar o Mamadou Ba e com isso, assustar quem luta ao seu lado por uma sociedade melhor, mais humana, mais justa e fraterna.
Mas não vão conseguir, nem calar o Mamadou Ba, nem assustar-nos. Hoje, amanhã, depois e todos os dias, continuaremos a chamar os “bois pelos nomes” e não deixaremos que racistas e fascistas neo-nazis virem a democracia contra nós e “normalizem” o seu ódio.
Mamadou Ba vai enfrentar e ganhar mais esta batalha, porque mais que nunca os que lutam sempre e não têm medo de chamar “os bois pelos nomes” fazem falta a todos e todas nós. E nós enfrentaremos mais esta batalha e ganharemos junto com o Mamadou.
Porque a verdade pode demorar a “calçar as botas”, mas ela sempre chega!
José Abrantes
trabalhador de call center e activista sindical