Mamadou Ba fica.
Como cidadã suíça, cuja Negritude a coloca fora e para além do projeto-nação,
Como viajante pela Europa, cuja presença é continuamente policiada, contestada e questionada,
Como ativista que afirma que vidas Negras importam,
Como pensadora que procura centralizar corpos racializados ilegalizados, encarcerados, deportados e trans* para a nossa liberdade vir a ser,
Como pessoa queer, que sabe – embora impossível imaginar para muitos – existimos,
Como feminista, que sabe que nem a dependência, nem o cuidado têm género,
Como humana limitada aprendendo continuamente a escutar e a ouvir, onde se encontram as feridas e os sofrimentos dos outros,
Como pessoa de esquerda engajada localmente e pensando planetariamente,
Como anarquista, que vê a liderança do nosso presente comum na vida errante das raparigas Negras*,
Como historiadora, à procura de um imaginário em que a colonialidade tornou-se “pós”,
Como radical que acredita no amor,
Mamadou Ba tornou-se companheiro.
Mamadou Ba tornou-se orient-ação.
Mamadou Ba tornou-se consciência.
Mamadou Ba é continuidade.
Mamadou Ba fica.
E nós ficamos contigo.
Que mais?
Jovita Pinto
historiadora e ativista