Mamadou Ba é um português, preto, de origem guineense.
Para quem reclama a sua deportação Mamadu não passa de um intruso, um criado, um mainato, fadado para se curvar perante os senhores brancos, e ousa agora insultar os que são para eles os grandes heróis de uma guerra que colapsou com o regresso da liberdade. Para essa guerra foram levados milhares de jovens durante treze anos. A grande maioria, entre os quais me incluo, depois de embarcar em Alcântara ou na Rocha do Conde de Óbidos, levava consigo um grande objetivo, regressar vivo. Muitas centenas não conseguiram e morreram por lá. Participei em homenagens a alguns deles e voltaria a fazê-lo porque a memória dos inocentes merece sempre o nosso respeito. No entanto não os confundo com criminosos que envergando a mesma farda, se dedicaram a massacrar populações, como aconteceu em Wiriamu e Inhaminga e em outros locais nunca conhecidos.
Mamadou Ba levantou este véu pesado de que ainda não nos libertámos. Por isso precisamos dele , aqui.
Mamadou fica.
Cesário Borga
jornalista